Não se perturbe o vosso coração Sexta-feira 16 de Maio

16/05/2014 01:46
O sol brilhava na manhã de quinta-feira, quando Jesus pediu aos Apóstolos para prepararem a ceia pascal. Ele desejava celebrar a Páscoa com os seus discípulos, dando a esta última festa um sentido todo particular. No crepúsculo daquele dia, Ele entra na cidade de Jerusalém e dirige-se à sala preparada para a ceia. Após terem ceado, Ele se volta para os Apóstolos e com carinho, buscando confortá-los e tranquilizar sua consciência ainda perturbada pela questão: “Seria eu o traidor? ”, diz-lhes: “Não se perturbe o vosso coração”. O tom de sua voz é suave, pois Ele não quer deixá-los angustiados e inseguros. Suas palavras alusivas à sua morte os tinha amedrontado, e agora, ao ouvi-lo, pressentem estar Ele se despedindo. Por isso, para consolidar em seus corações a fé a esperança, Ele diz: “Crede em Deus… e também crede em mim”. Equivalência, que só encontra razão de ser caso Ele seja Deus, pois só em Deus se pode e se deve crer de modo absoluto.
 A seguir, mais uma vez, Ele os consola: “Eu vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, eu virei novamente e vos levarei comigo”. Imediatamente, à mente dos discípulos surge a imagem da “tenda do encontro”, lugar em que Moisés ou o Sumo Sacerdote, uma vez por ano, penetrava para colocar-se na presença de Deus, modelo da realidade celeste e divina, que Jesus penetrou após seu sacrifício na cruz.
Ele insiste: “Não se preocupem”, na casa de meu Pai há muitas moradas, na certeza de que seus seguidores serão introduzidos na feliz e misericordiosa eternidade do Pai. Eles gozarão da intimidade com Deus. Um fio de lágrima escorre pela face dos discípulos, pois reconhecem que não foram vãs as palavras ditas pelo Mestre: “Não vos chamo servos, mas sim amigos”. É como amigo que Ele agora promete voltar, para que estejam onde Ele estiver. Sempre direto e franco Tomé lhe pergunta: Mas como, se não conhecemos o caminho? Naquele momento, eles se sentem confusos e indecisos, mais tarde compreenderão a sua resposta: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim”.
 S. Agostinho dirá que Ele é o Caminho e a Verdade para se chegar à Vida, à comunhão eterna com o Pai celestial. Na vinda do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, recordando esses últimos instantes com o divino Mestre, eles sentirão confiança e serenidade. Realizam-se então as palavras: “Não se perturbe o vosso coração”, e eles estarão prontos a dar a própria vida pelo Senhor.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM